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A Psicanálise na Ansiedade

A Psicanálise na Ansiedade

A Psicanálise na Ansiedade

 

A psicanálise é uma práxis que aborda o ser humano com conceitos diferentes da maioria das abordagens de psicologia e psicoterapia.

Por muitos profissionais da área, ela não é considerada uma terapia, apesar de ter efeitos terapêuticos, contudo, através dela, desenvolvemos um trabalho clínico capaz de tratar e até mesmo curar diversos sofrimentos psíquicos, como por exemplo a ansiedade.

A ansiedade no ambiente psiquiátrico e até mesmo psicológico é entendida como um conjunto de sintomas afetivos e orgânicos que levam a denominação de um diagnóstico, como por exemplo, os Transtornos de Ansiedade Generalizada (TAG) os Transtornos de Ansiedade Social (TAS) ou a Sindrome do Pânico.

No ambiente psicanalítico, não é prioridade à atenção para o conjunto desses sintomas para se atribuir um diagnóstico ou um nome para determinado comportamento ou sentimento, pois na clínica, o desenvolvimento analítico e o tratamento ocorre pela transferência através do discurso do analisante, e pelo desejo do analista em tratá-lo. São dois inconscientes conversando entre si, sem julgamentos morais ou sociais e sem a necessidade de atribuir um nome ou diagnóstico precoce à quem fala.

O analista tem o cuidado em nomear o que circunda ao redor da ansiedade do sujeito analisado, e esse cuidado analítico é posto em prática porque quem pode nomear as causas e consequências de sua ansiedade é o próprio analisante, pois a partir da atribuição da nomeação, é que se pode trazer o conteúdo do inconsciente para o consciente.

A partir daí, a psicanálise vai na contra mão da maioria das abordagens psicoterapêuticas existentes, pois quem se “diagnostica” é o próprio sujeito analisado (paciente), sendo que esse diagnóstico é sempre dinâmico, mutável e nunca fixo e estável.

Essa dinâmica da nomeação do que está inconsciente através da fala é uma das formas de liberar os sintomas da ansiedade. Como disse Jacques Lacan: sintomas são palavras não ditas.

Os conflitos que geram os sintomas da ansiedade são inumeráveis pois cada sujeito os vive de uma forma diferente. Obviamente que a ansiedade parece ser um problema similar em todos que sofrem dela. No Brasil por exemplo, quase 20 milhões de pessoas sofrem de ansiedade, e cada uma dessas pessoas possui suas diferentes particularidades, pois para cada uma delas, existe uma sequencia de nomeações e um discurso próprio a cerca de seus conflitos. Então, o problema não é simplesmente a ansiedade, mas sim o discurso e a estória contada pelo sujeito tangível ao seu sintoma ansioso.

A medida em que um processo analítico se constitui, o sujeito tem um lugar de fala para nomear sua ansiedade e tudo o que pode estar relacionado à ela.

Através desse lugar de falar, implica-se que o abstrato e o escuro no inconsciente se torne mais palpável e visível, pois agora existe algo dito e nomeado para que posteriormente seja renomeado. A medida que o sujeito atribui formas simbólicas pela nomeação e renomeação ao que está ligado à sua ansiedade, seu sintoma passa ser uma outra coisa, pois não carrega mais o mesmo nome e discurso do passado. Isso ocorre pois o sintoma inconsciente que sempre se repete é o que chamamos de estrutura de linguagem, e quando o discurso e a linguagem do sujeito sobre sua ansiedade conseguem se alterar, os sintomas da ansiedade se alteram também.

Cada sujeito pode sentir e interpretar sua ansiedade de uma forma, e os teóricos e estudiosos do assunto também podem nomeá-la e interpretá-la de diferentes formas.

Cada nomeação carrega um significado que vai impactar diretamente em como será sentido o sintoma da ansiedade. Ela pode ser nomeada pelas formas mais simples, como apenas uma preocupação, ou por formas mais elaboradas como: sofrimentos psíquicos inconscientes que são irreconhecíveis e fora da realidade, ou também por formas mais científicas, como: disparos do sistema nervoso autônomo simpático e dos receptores do sistema límbico.

Com toda essa possibilidade de nomeações, o que realmente importa para a psicanálise no tratamento da ansiedade, é que o analista possa saber escutar um sujeito que pode mudar o seu discurso ao longo do tempo, pois isso implica na mudança do sintoma. A posição de escuta e  as pontuações do analista devem permitir a mudança e melhora do sintoma do sujeito através do que chamamos de “livre associação”, conceito descoberto por Freud, que diz que um sujeito deve estar livre para interpretar e associar suas problemáticas sem a interferência direta do psicanalista. Essa interferência pode “sujar” o processo de cura e de livre associação do sujeito, fazendo com que ele apenas se adapte ao seu problema e não mude ou se cure de fato.

Por enfim, a ética da psicanálise, faz com que o analista se retire da cena de querer curar os processos de ansiedade do ser humano, abrindo espaço para que o próprio sujeito se depare com seus fantasmas, pois é ele próprio que pode encontrar o caminho para se curar ou compreender novas formas de lidar com sua ansiedade.

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